La Fura Dels Baus no Memorial da América Latina.

Um "macro espetáculo" coletivo, musical e acrobático. Assim poderia ser definida a apresentação que o grupo catalão La Fura dels Baus fará no Memorial da América Latina, em São Paulo, neste sábado (4). A performance, que mistura teatro, dança e poesia, será interpretada para doze mil pessoas gratuitamente na praça Cívica do Memorial e terá apresentações de Junior e Lucas Lima, que são também os diretores musicais.

Com o nome de Cielo Arte, o espetáculo explora a altura e as grandes estruturas. "É a ideia de poder levar a arte para o céu", explicou o diretor espanhol, Carlos Padrissa. Durante o ensaio, uma roda movimentada por dez acrobatas, uma rede humana, além do violinista Lucas Lima tocando suspenso a uma altura de 45 metros cortavam o céu da tarde de quinta-feira e se mesclavam com a arquitetura de Oscar Niemeyer. "Os macro espetáculos são para todos os públicos, são para serem feitos na rua, e são abertos. Aqui somos 120 artistas", disse.

A sonoridade, de acordo com o diretor do grupo, é fundamental. A trilha foi composta por músicas pensadas somente para o espetáculo e por canções da Família Lima. Além disso, Lucas fez, a pedido do diretor, uma versão eletrônica de Soy Loco Por Ti América, de Caetano Veloso. "A gente teve essa ideia de mesclar músicas pré-gravadas com uma coisa ao vivo. Além do Junior e de mim, vai tocar um amigo nosso, DJ Felipe Paniago. A gente veio com violino, guitarra. Vamos fazer percussão. Queremos passear por alguns instrumentos", explicou Lucas Lima momentos antes de subir na grua.

As influências sonoras vão desde a música erudita até o rock, passando pela música eletrônica. "Tem uma sonata do Bach, muito rock, tem Pink Floyd e outros mais modernos, como The Progidy", enumera Lucas.

A apresentação estará centrada em uma marionete gigante de dez metros de altura. Em seu rosto, serão projetadas faces de diversas pessoas e, de acordo com Padrissa, o boneco representa a América Latina. A encenação feita no Memorial será única. "Estes poemas já usamos outras vezes. Vamos repetindo os elementos, mas sempre mudamos a ordem, usamos músicas novas. Esse gênero de espetáculo já fizemos em 30, 40 países. Mas em cada um é diferente", conta o diretor.

Entre os artistas, treze são da Espanha, e, os outros, são voluntários brasileiros selecionados por um casting. A ideia, segundo o diretor, é não "ser colonizador" do país em que se apresenta e agregar elementos da cultura local no espetáculo. "Nós não queremos ser estrangeiros, colonizadores que vêm e não querem saber nada. Usamos profissionais de circo, bailarinos, bailarinas, e sempre há surpresas. Somos permeáveis. Ampliamos a Fura", afirmou Padrissa.

O enredo traz o conceito do conjunto, de trabalhar em equipe e de mesclar culturas. "Falamos do céu, inferno, paraíso. Falamos do ser humano, pois ele pode decidir se quer melhorar ou não. Queremos criar sempre esperança, crer na esperança", explica Carlos Padrissa.

O grupo La Fura dels Baus existe desde 1979 e faz, além das mega apresentações, peças mais intimistas e textuais que interagem com o público. O Brasil já foi contemplado com um espetáculo deste outro tipo em 1991, durante a Bienal. O evento deste sábado, patrocinado pela marca Cielo e produzido pela Kabuki, contará com a participação de Fause Haten, que fará a leitura dos poemas.

SERVIÇO:

La Fura Dels Baus

Data: 4 de dezembro

Horário: 20h (abertura dos portões às 17h)

Local: Memorial da América Latina - Av. Áuro Soares de Moura Andrade, 664 - Barra Funda

Classificação livre

Entrada Gratuida

(por Bruna Carolina Carvalho para Terra Notícias)