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Marco Cardoso, Jaqueline Vieira e Marcela Lino, atores da Cia Radiophônica de Theatro & Outras Cousas em "O Grande Concurso Cultural" trabalho com enfoque na 5 regiões geográficas do Brasil e abordagem do meio ambiente e cultura regional. (foto: acervo da Cia Radiophônica). |
Baseado em dados do MinC para exclusão cultural de 2007, podemos afirmar seguramente que os números para cultura no país não são nada animadores se considerarmos nossa extensão territorial e número de habitantes:
Somente 14% dos brasileiros frequentam cinemas;
92% dos brasileiros nunca foram a museu;
Apenas 7% da população brasileira estiveram em uma exposição de arte;
22% viram um espetáculo de dança;
Mais de 90% dos municípios não possuem salas de cinema, teatro ou museu;
73% dos livros estão concentrados nas mãos de apenas 16% da população.
E não paramos por aí,
Mais da metade dos brasileiros nunca comprou um único ingresso de cinema, nunca foi ao teatro, nunca viu uma exposição de arte, nunca assistiu a um show musical;
69% dos brasileiros nunca leu um livro;
77% dos brasileiros preferem usar o tempo livre com a televisão;
56% dos freqüentadores de cinema preferem filmes americanos.
72 % acham esses filmes ótimos e olha que o Brasil produz mais de
100 filmes/ano (para conhecer os números atualizados e publicado em 2010 acesse
Cultura em Números).
Esse é o panorama da cultura no nosso país. Em face dos números poderíamos discutir por horas, dias ou meses de quem é a culpa, mas isso não levaria a solução dos problemas. É certo que o dever de garantir o acesso ao lazer e a cultura é do Estado, contudo, não podemos e nem devemos nos isentar de responsabilidades enquanto cidadãos que somos, por isso conhecer nossos direitos, bem como, os programas de incentivo à cultura sejam eles na esfera municipal, estadual ou federal nos traz a possibilidade de melhorar esses números a médio e longo prazo. A cultura é direito de todos! Mas, é nosso dever contribuir, cada um a sua maneira e através do papel que desempenha junto à comunidade, para que isso seja, também, uma realidade de todos.
Mas como fazê-lo?
Eu sempre acreditei que a base de tudo é a educação. E não me refiro aqui à educação formal, parte importante no processo, mas que sozinha não dá conta de preparar o cidadão no aprendizado da fruição. O conjunto formado pela família, escola, entorno e as escolhas feitas ao longo dos anos, são juntos, os responsáveis pelo cidadão que vê o lazer e a cultura como algo importante em sua vida, tanto quanto: um bom emprego, uma casa confortável e outros itens comumente importantes para o brasileiro. Isso é para poucos como nos mostram os números, mas não é algo impossível de mudar, requer esforço dos governos, das empresas, do terceiro setor e, sobretudo, vontade de mudança por parte da população excluída e/ou que se exclui da cultura. Os projetos de educação – formais ou não – são ferramentas fundamentais nesse processo e o esclarecimento e acesso à informação instrumentaliza agentes comunitários, produtores culturais, cooperativas e sindicatos ligados à cultura, artistas, gestores culturais e interessados em geral, fomentando a sociedade de maneira a aproveitar melhor nossa diversidade cultural.
A soma de tudo isso além de dar voz e forma a cultura brasileira, incentiva o artista a fazer o que sabe fazer de melhor, gera trabalho e estimula o cidadão no exercício da fruição.
Quem sabe daqui alguns anos a democratização da cultura será mais ampla, resultando em números melhores e cidadãos que se apropriam dos espaços e se identificam como sujeitos históricos realmente importantes no processo de desenvolvimento do país. Cidadãos que não atravessem a rua ao se deparar com uma cena de teatro, que não tenham medo ou vergonha de entrar num museu ou biblioteca, que cobrem e usufruam pra valer do que lhes é de direito. Brasileiros que vejam a cultura como uma aliada na construção do saber e na prática da cidadania.